Tensão, conta afrodisíaca, meditação e outros caminhos para o sexo!

09/07/2011 17:30

 

fernanda-lima-ky

Eu gosto mesmo é de escrever sobre o antes e o depois. O durante eu deixo pra aprender e viver.

Quem se enrola todo no “antes”, quem não consegue ficar muito no “durante” ou quem sofre no “depois” às vezes me escreve pedindo conselhos. Minha última missão secreta foi ajudar o casal Fernanda Lima e Rodrigo Hilbert. Deu certo, eles superaram os problemas e até gravaram uma de suas noites (vocês viram no YouTube?). O vídeo completo pode ser visto no site www.vivaoprazeradois.com.br

 Vou compartilhar agora com vocês algumas visões sobre o “Antes”. Serão 4 textos e vocês poderão fazer perguntas no widget aí do lado. Eu explico mais no fim desse post. Além disso, no PapodeHomem você encontrará textos sobre o “Durante” e, no Manual do Cafajeste, sobre o “Depois”.

Que “antes” é esse?

Quando pensamos em “antes” e não associamos de imediato a preliminares (que faz parte do “durante”, certo?), surgem cenas de jantares, massagens e tudo aquilo que as revistas de comportamento nos ensinam. No entanto, o que vem antes do “antes”? Quais momentos e dinâmicas que não apenas levam diretamente ao sexo, mas que o intensificam a longo prazo?

Mais ainda, o “antes” é muito vinculado a solteiros, paixões, conquistas e começos. Para casais com um relacionamento longo, o “antes” vem ilustrado com pimentas ou como um resgate da paixão inicial, num discurso para quase-solteiros que ignora a riqueza e as especificidades de uma longa relação. É por isso que vou falar para esses casais – sabendo que os solteiros saberão muito bem aproveitar as ideias. ;-)

O olhar que eleva

Muito se fala da troca de olhares sedutores, mas ela é natural se houver uma outra troca de olhares mais constante na relação.

Imagine um gerente que tenha sido vítima de fofocas malignas chegando para coordenar sua equipe. Sem autoridade, diminuído, ele se sente completamente impotente, perdido, incapaz de agir. Eis uma caricatura do que acontece quase diariamente com muitos casais.

Lembro de uma vez ouvir um cara falando todo empolgado da faculdade que estava voltando a fazer. Sua noiva o interrompia minuto a minuto para dizer que aquilo não fazia sentido e (em tom de brincadeira) que seria brochante namorar um calouro. Tais afirmações, de pouco em pouco, terminam por minar a potência do homem e, do outro lado, a vitalidade feminina.

Se a mulher não admirar e não sentir a potência de seu parceiro, ela nunca vai ajoelhar e coordenar cabeça, mãos, lábios e língua para nossa diversão. Se o homem não apreciar e não estimular as qualidades de sua mulher, ele nunca vai realmente sentir vontade de pegá-la no colo e dizer, com a boca cheia, “Eu te amo”.

A tensão que sustenta o sexo

Na música, quando desejamos aumentar a sensação da cabeça do tempo (o “1″), em vez de colocar todos os instrumentos com força nesse ponto, jogamos a intensidade para o contratempo (o “2″). Se você atentar para o surdo do samba, ficará nítido que o “Bum” maior acontece no contratempo. É por causa desse contraste, dessa tensão entre tempo e contratempo que a música fica gostosa. A ênfase no “2″ só valoriza e traz mais à tona o “1″.

Na dança de salão, é a tensão entre as mãos que possibilita a condução. Se a dama não faz um pouco de força contra a mão do parceiro, quando o cavalheiro tenta levá-la para um passo, apenas sua mão se desloca. Se há tensão, o corpo feminino inteiro se move ao mínimo gesto da mão masculina.

Quando um homem não é facilmente fisgado, quando treina a arte da imobilidade, ele propõe uma tensão diante do movimento feminino. Ele não fica no mesmo local, não avança na mesma direção que ela, então ambos se polarizam e magnetizam. É como um strip tease: se ele não aguenta a ansiedade logo nos primeiros minutos e se move, o strip tease acaba; se ele relaxa imóvel, ela começa a dançar e provocar cada vez mais.

Em geral, o homem que propõe pouca tensão em sua relação é justamente o homem que acumula muita tensão interna. É por isso que o orgasmo é visto como uma necessidade e é por isso que ejaculação precoce é mais comum do que imaginamos. Se conseguimos relaxar nessa tensão relacional, se nos opomos de maneira complementar (feminino e masculino como tempo e contratempo), a energia do casal aumenta junto com as possibilidades de brincadeira – na cama e na vida.

A conta afrodisíaca

contaAfrodisíaco mesmo é pagar a conta. O prato é o de menos.

Pagar a conta (e mil outras coisas, como não ejacular) cria a sensação de débito, não de cobrança. O processo é sutil e pode ocorrer mesmo quando ela paga a conta. Em vez de usarem esse jogo como manipulação, explicitem-no, falem disso entre si, brinquem com esses processos todos pois eles não perdem a força depois de revelados, só ganham mais ludicidade. Solteiros parecem fazer isso (usar a lógica bancária para contabilizar e comparar orgasmos, por exemplo) mais do que casados, infelizmente.

Ela insiste em pagar; ele não aceita a grana de modo algum. Ela espera um avanço dele para rolar sexo; ele diz que o jantar foi sensacional, deixa um chocolate na mão dela e se vai porque precisa trabalhar. Aí ele respira e sente a alegria de ter feito isso, algo muito melhor do que a ansiedade de esperar algo em troca. Ele passa o dia seguinte com esse espírito e depois a encontra ainda com mais presença, energia vital, olhar penetrante.

Com esse movimento sem autocentramento, ele cria uma pergunta dentro dela, um “Como assim?”. E então ela começar a se movimentar, a fazer a energia circular, a imaginar, sonhar, falar, dançar ao seu redor. Como está em débito, ela age.

Podemos experimentar aumentar a sensação de débito ao limite, não deixar que elas paguem. Sem receber, apenas respiramos. E elas dançam mais e mais. Se recebemos, o desnível desaparece e a água repousa. Se há desnível, alguém sempre corre atrás, há rio, movimento, dança. A água nunca para. E então o pagamento vem e uma hora aceitamos. Por que será que criaram a expressão “pagar boquete”?

Meditação como preliminar

Não, não me refiro a Osho, sexo tântrico, DeRose, ioga a dois, nada disso. É claro que melhorar o sexo não é o objetivo da meditação, mas é um efeito inegável.

Menos diálogos internos, mais abertura ao exterior. Menos confusão, mais direcionamento. Menos dispersão, mais energia. Mais compaixão, mais generosidade. Mais sabedoria, menos limitações, regras, crenças e visões estreitas. Junte um corpo com energia a uma mente generosa numa relação livre e me diga o resultado.

Jogos e brincadeiras

Depois de algum tempo, a energia do sexo fica obstruída pela forma, estrutura, logística. É como se ficássemos muito tempo tocando a mesma música: uma hora perdemos o sentido das letras e a vivacidade de cada nota. Como não conseguimos movimentar a energia diretamente (sem forma alguma), focamos na forma e não percebemos quando a energia some.

Um meio hábil poderosíssimo nesse caso é a brincadeira. Explorar outras formas e ver o que acontece, apenas isso. Pode ser algo simples como o jogo dos 11 minutos. Ele fica imóvel por 11 minutos enquanto ela se diverte como quiser, depois ela fica imóvel… Um celular, um gel de massagem e pronto. Eu gosto do K-Y 2 em 1 porque consigo fingir que estou massageando enquanto preparo outra coisa.

ky
Você consegue ser mais ousado que eles, né?

Pode ser fazer um pornô caseiro (ou tirar fotos contra o espelho do banheiro). Apenas apertar “Rec” e o sexo já muda. Pode ser qualquer meio hábil que eu já sugeri aqui. Ou dizer que vai trabalhar e, se ela quiser atenção, que saiba verdadeiramente desconcentrá-lo. Pode ser qualquer coisa que insira um elemento lúdico, pois o sexo não é senão uma das brincadeiras primordiais.