Não são nem sete horas da noite quando chego ao local combinado e dou de cara com uma fila de homens e mulheres, mais homens do que mulheres, que vieram direto do trabalho para curtir o happy hour em uma badalada champanharia. O meu primeiro pensamento é: "Putz, não vou conseguir entrar e vou perder a pauta", até que ouço alguém gritar o meu nome e vejo o rosto de uma amiga de infância que está bem no início da fila.
Abraços trocados, explico a ela que estou ali para escrever uma matéria.
- É para o Bolsa de Mulher? - a amiga pergunta.
- É, sim.
- Quero ler!
Cinco minutos depois, estou dentro. Pensando bem, ainda cabe muita gente, mas parece que manter uma fila do lado de fora faz bem à fama do lugar. Reconheço Adrianna Grannah, consultora amorosa, que está sentada à mesa com uma aluna, Gabriela. Olho ao redor e ninguém desconfia que bem ali, à vista de todos, está começando um workshop sobre técnicas de comportamento, postura e sedução.
Gabriela, a primeira aluna a chegar, é uma mulher bonita, tem 34 anos, se casou cedo com um homem com quem ficou por 11 anos e teve dois meninos. Quando se separou, percebeu que sua autoestima estava abalada e decidiu procurar as aulas de sedução. "Comparo as aulas a sessões de terapia", diz Gabriela. A consultora amorosa Adrianna não tem a formação, mas sabe que em muitos casos acaba assumindo o papel de psicóloga.
Pergunto para Gabriela se ela está de olho em alguém e, para a minha surpresa, ela diz que está namorando há mais de um ano. "Não estou paquerando", diz ela, "só treinando", explica. Isso é apenas uma das inúmeras lições da professora de sedução, que não quer que ninguém se acomode em um relacionamento. "Uma mulher, casada ou solteira, nunca deve deixar de treinar a sedução", afirma para depois apontar discretamente um rapaz que não tira os olhos da nossa mesa.
A champanharia vai, aos poucos, ficando cheia e Adrianna adianta que daí em diante a tendência é melhorar. "Quando está cheio, a interação é maior", diz. Pergunto qual é o objetivo da noite e Adrianna sugere que não role nem um beijinho. "A gente não está em uma micareta", diverte-se, para completar em seguida: "A mulher difícil acaba parecendo mais interessante".