Mulheres ousam experimentar?
30/09/2010 02:38
Acabei de ler um texto no G1 onde o psquiatra Jairo Bouer afirma que é difícil identificar padrões ou tendências comportamentais do sexo feminino. Isso porque, segundo ele, não é possível definir com exatidão se a mulher está mais aberta a novas experiências ou se sua “liberação” está apenas mais aparente.
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Até entendo as dúvidas dele, dia desses mesmo, eu postei aqui dedicatórias encontradas ao acaso em um livro num sebo, datadas de quase 30 anos atrás, onde ficava claro o envolvimento e sofrimento da paixão e não realização entre duas mulheres, só pra citar um exemplo de uma experiência não explícita.
E cita um dado interessante sobre a sexualidade feminina: “Uma pesquisa realizada recentemente nos Estados Unidos, pelo Centro Nacional de Estatísticas em Saúde (NCHS, na sigla em inglês), mostra que 15% das universitárias, entre 19 e 24 anos, já tiveram relação homossexual. O interessante, porém, é que a maioria delas não se declara homossexual ou bissexual”.
Carmita Abdo, também psiquiatra, afirma que: “Essa situação de experimento é muito mais antiga do que se pensa. O que mudou foi a forma de a sociedade enxergar essa diversidade, com menos preconceito”. E comenta que a orientação sexual não é uma escolha, mas um fator biopsicossocial, influenciado pela hereditariedade e pelas experiências de vida de cada um.
Mesmo pra mim, B., que ouso experimentar de tudo um pouco, é meio complicado afirmar que sou homo, bi ou hetero. Acho que sou enquanto estou. Socialmente acho que, como eu, muitas mulheres acostumaram a definir-se heterossexuais, ainda que eventualmente nos vejamos encantadas por alguma mulher em especial. Senão de fato, em fantasias. Não é algo ainda muito claro isso para mim, mas é muito mais claro que há dez ou vinte anos atrás.
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A cantora Preta Gil na entrevista, dá uma opinião que compartilho em parte. Ela diz: “Eu acho que a mulher está se permitindo experimentar e isso talvez aconteça por causa da decepção com o ideal de homem e de romantismo”. Preta afirma, porém, que essas mudanças de comportamento podem ter aspectos negativos e positivos. “É bom porque a mulher passa a se conhecer melhor e pode ser ruim se for encarado apenas como um modismo”. E completo, uma relação lésbica não acontece exclusivamente pela decepção com o modelo masculino, mas talvez porque a necessidade da busca por nossas completudes hoje, seja encarada de maneira mais natural. Abomino completamente quem ousa experiementar por que é moda, porque todo mundo faz hoje em dia, mas quando acontece para a satisfação de um desejo outrora socialmente reprimido, agradeço por estar vivendo os anos 2000.
E finalizando, Bouer afirma que: “Isso reforça aquela história de que a sexualidade é contínua. Não existe apenas o ser heterossexual, homossexual ou bissexual. É possível não gostar igualmente da mesma coisa em todas as fases da vida. E vale lembrar que nem toda mulher está aberta a experimentar, e é exatamente essa liberdade de poder ou não querer algo que faz a diferença”.
Por isso, eu finalizo com uma dica que sempre dou às mocinhas que sentem-se sob a pressão do amado quanto à experência do ménage-a-trois com duas mulheres e um homem. Se deseja realmente experimentar, faça por próprio desejo e vontade. Nunca pelo outro. Quase sempre o que a gente faz por alguém , sem certeza absoluta da própria vontade, com o tempo acaba culpando o outro pela escolha mal-feita.
Gostoso é viver em plenitude a própria sexualidade, com homens, mulheres ou os dois, mas é muito importante também perceber os sinais de que o que está vivendo é bom ou ruim pra você naquele momento. Sendo a protagonista da nossa própria história, natural é tentar ser feliz. Eis uma busca que não deve ter fim.