Orgasmo Feminino!

13/11/2010 17:24

 

 

O apetite sexual faz parte da característica de nossa personalidade, podendo ser desenvolvido ou reprimido dependendo do ambiente de criação. A família e a sociedade influem fortemente na pulsão sexual latente em nossos corpos, possibilitando ou não uma vivência plena da sexualidade. Uma vez experimentado o prazer proporcionado pelo sexo, somente em caso de graves transtornos a mulher esquece ou recusa esse instinto natural.

Saindo da Inquisição, onde mulheres que tinham orgasmo eram consideradas bruxas e queimadas em praça pública, passamos à época Vitoriana, período de grande repressão sexual no qual a mulher que tinha prazer era considerada pervertida. Até o início do século XX, acreditava-se que a masturbação causava epilepsia.

Freud dizia que o orgasmo clitoriano era próprio da mulher imatura, e somente o vaginal correspondia à plenitude feminina. Após o advento da pílula anticoncepcional, o sexo deixou de ter uma conotação puramente reprodutiva, ocorrendo uma liberação dos costumes, em que ter filhos seria uma opção na relação do casal. Porém, se antes a mulher não conhecia a possibilidade do orgasmo, não tê-lo, poderia, nos tempos de hoje, significar doença.

A mídia e a sociedade praticamente intimavam-na a um desempenho sexual ativo. Não se sabia qual caminho seguir para a felicidade sexual do par, tendo o mito do orgasmo simultâneo, causando ansiedade em muitos casais. Com os estudos mostrando a possibilidade de orgasmos múltiplos somente em algumas mulheres, a busca pelo prazer obrigatório lotou consultórios de sexólogos.

Existe uma forte pressão exercida por setores de nossa sociedade para que o sexo seja visto como puro e simplesmente com finalidades reprodutivas, quando sabemos não existir comparação entre o apetite do prazer sexual com o número de gravidezes que a mulher tem ao longo da vida, pois ela usa seu sexo algumas vezes para se reproduzir e muito mais para exercer um papel erótico.

Pesquisa recente sobre sexualidade com 3.000 homens e mulheres entre 18 e 70 anos, de todas as classes sociais, mostrou que um terço das mulheres pesquisadas não tem a menor ideia do que seja um orgasmo, por medo, culpa ou porque o homem, por não estar familiarizado com o ritmo biológico-sexual da mulher, é rápido demais.

O orgasmo é uma experiência, ao mesmo tempo psicológica e orgânica, que dura de 2 a 10 segundos, sendo influenciado pelo grau de relacionamento do par e variável de mulher para mulher, conservando, porém, as reações fisiológicas comuns ao gênero feminino.

Durante um orgasmo, a respiração fica mais rápida, o coração acelera, indo até 180 batidas por minuto, podendo a pressão subir e ocorrendo, às vezes, uma perda momentânea da percepção dos sentidos. Para alguns estudiosos, a mulher só tem condições de orgasmo quando, durante o estímulo sexual, estiver bem consigo própria e com seu par.

 

Por dentro do percurso

O orgasmo tem quatro fases:

 

1. Desejo

Nesta fase não há modificações físicas, mas psicológicas e emocionais. Fatores como beleza, atitude e personalidade são analisados e valorizados, determinando o grau de interesse pelo parceiro.

 

2. Excitação

Aqui ocorrem os primeiros sinais da estimulação sexual, como a lubrificação da vagina e o alongamento do canal vaginal, ereção dos mamilos, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. É nesta fase que o corpo da mulher se prepara para o ato sexual.

 

3. Orgasmo

As evidências fisiológicas do orgasmo são as contrações rítmicas da vagina e da musculatura do períneo – características comuns a todas as mulheres. O que varia de pessoa para pessoa é como o orgasmo é sentido: algumas o experimentam de forma suave, outras intensamente. Há ainda quem chore, as que têm crise de risos, quem grite, quem fique em silêncio.

 

4. Resolução

Depois do orgasmo, inicia-se um processo de redução da congestão vascular e a liberação das tensões musculares, até que o organismo volte ao estado de antes da estimulação.

 

Crendices e mitos, durante muito tempo, fizeram com que as mulheres tivessem um comportamento de submissão frente aos homens, pois se acreditava que: o sexo deve ser algo natural, não necessitando aprendizado; cabe aos homens a responsabilidade de ensinar as mulheres; orgasmo normal vem da relação penetração pênis/vagina; orgasmo só é bom se for sentido a dois e ao mesmo tempo ou, ainda, sexo é mais importante para os homens do que para as mulheres.

Tais colocações foram aos poucos sendo substituídas por realidades sem cobranças ou exigências, deixando a mulher com mais opções para o exercício da sexualidade. A melhor compressão pelos estudiosos da curva sexual feminina liberou a mulher da obrigatoriedade do orgasmo, fazendo então do sexo um prazer e não uma obrigação ou mesmo uma simulação para agradar ao parceiro.

A libido da mulher, diferentemente do homem, pode ser estimulada a partir de qualquer um dos seus sentidos – olfato, audição, visão, paladar e tato –, portanto, estando mais propensa durante sua vida a desenvolver um comportamento sexual mais frutífero, usufruindo, quando livre de tabus ou preconceitos, de uma vivência sexual plena de satisfação e prazer.