Relacionamento.Virtualidade de menos atrapalha?
24/08/2010 15:57
Outro dia escrevi um texto em que nossa personagem principal reclamava de sua relação excessivamente virtual com o companheiro. Ele parecia evitar os encontros pessoais. Agora me pego diante de um outro tipo de questionamento.
Uma amiga, a Marcela, diz que seu atual relacionamento, “ao vivo”, é mais chato do que quando ainda estava na fase virtual, da paquera eletrônica, do site de relacionamento… Por que será, hein?
Foi no Be2 que ela conheceu Daniel, no meio do ano passado. Moço simpático – eu o vi umas duas vezes, em festas –, educado, inteligente, intelectualizado. Do jeito que Marcela idealizava. Parecia até perfeito demais, me disse uma vez, meio insegura, logo que começou a se relacionar com ele.
Pouco tempo depois das primeiras trocas de e-mails, passaram a se ver com mais frequência. Isso foi por volta de final de agosto. Agora, Daniel e Marcela saem pelo menos 4 vezes por semana. Como moram perto, isso facilita.
Ele passa na sua casa depois do trabalho. Às vezes, conforme o trânsito, vai até pegar Marcela no escritório. Depois costumam emendar um bar ou, se der tempo, vão ao cinema ou ao teatro. Nos finais de semana estão novamente juntos. Daniel já conheceu o filho de 11 anos de Marcela. Os três já saíram várias vezes juntos para comer pizza, foram passear de bicicleta ou andar no parque.
Tudo vai bem, aos olhos dos outros, ao menos. Marcela me contou outro dia que estava bem com Daniel. Bem demais até, talvez, ressaltou, meio brincando, meio falando sério…
Um dia saímos e ela me disse que na verdade estava se sentindo muito presa ao parceiro. “Parece que estamos casados, sei lá. Não sei se queria tanta proximidade, ao menos não com tanta rapidez.”
Ela está contente com a relação, mas fica pensando que talvez tenha passado rápido demais do virtual para o real.
Sente que perdeu o que de melhor tinha a relação via internet: certo mistério, certa dificuldade para ser encontrada… Não estava tão disponível. Agora, parece, não consegue mais voltar atrás. Fica às vezes achando que sua conversa com Daniel, por e-mail ou no MSN, era melhor do que ao vivo. Tem dúvidas se gosta mais do jogo de sedução via internet do que da sedução mesmo.
Ela diz que nunca comentou isso com Daniel, pois teme chateá-lo. Marcela não quer perder o companheiro que conquistou. Foram anos de
procura até achar alguém que de fato a interessasse, diz. Mas também não está satisfeita com o ritmo do relacionamento do jeito que está.
Fala que muitas vezes ensaia uma conversa virtual, um namoro menos explícito, algumas brincadeiras na forma “antiga”, como quando se conheceram, e ele sempre corta, dizendo: “Prefiro ter você ao vivo. Prefiro olhar nos seus olhos, ouvir sua voz.” Aí pega o telefone ou aparece em sua casa. E Marcela fica meio insatisfeita. Disse pra mim que às vezes até se irrita com isso…
E agora, o que você sugere para Marcela? Volto a dizer que talvez o equilíbrio seja o melhor caminho, mas como consegui-lo, né?