Mulheres no poder!

22/12/2010 04:56

 

A advogada Cristina Almeida, de 32 anos, adora homens com ombros largos e mãos fortes, e só consegue ter relações sexuais com parceiros que se encaixam neste perfil. Já para a administradora de empresas Laura Gomes, de 38, nada mais excitante do que sexo em locais públicos.
“ Sinto muito mais prazer quando existe o medinho de ser descoberta. É algo de que gosto desde a adolescência e que nem sempre foi bem visto pelos meus namorados. Felizmente, meu marido adora .” brinca.

A explicação para o desejo das duas mulheres pode ser encontrado no recém-lançado “Dicionário de Fetiches”, escrito por Agni Shakti (Editora Matrix). O livro traz a definição de centenas de fetiches – entre eles o desejo por homens mais velhos, a vontade de dominar e a preferência por práticas que ficam entre o prazer e a dor – para desmitificar um termo que ainda costuma ser associado a tabus.
A palavra fetiche quer dizer feitiço, e significa um objeto que incita algum tipo de desejo sexual. E embora o termo esteja associado a práticas pouco convencionais, segundo especialistas, todos temos fetiches que são indispensáveis para a nossa saúde sexual.
Cada pessoa vai ter os seus e, contanto que ele não faça mal à sua saúde ou à do outro, é algo natural e saudável – explica a terapeuta sexual Mariana Maldonado, que apresenta o programa de rádio “Palavra de Mulher”, na Rádio Tupi, e é direcionado para mulheres que querem esclarecer suas dúvidas sobre sexo. Entre os fetiches das ouvintes, os mais comuns são os por lingeries sensuais, sexo em locais públicos e partes específicas do corpo masculino.
Como nem sempre é fácil se abrir sobre preferências sexuais específicas, a terapeuta sexual lembra que é importante abordar o assunto quando já existe uma boa intimidade entre o casal.
“Falar sobre fetiches e fantasias pode ser difícil, já que envolve sentimentos, valores e o medo do julgamento. As mulheres muitas vezes temem a avaliação masculina. Por isso, é sempre bom sondar as opiniões do outro e falar de um jeito claro sem forçar uma barra. Mulheres com valores mais rígidos podem se fechar se o homem insistir com certas idéias logo no inicio da relação.”acredita a especialista.
A sexóloga Jaqueline Lopes, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) concorda.
“ Embora as pessoas hoje estejam mais informadas e esclarecidas sobre sexo, cada um tem seu limite. Se um não quer, o outro não deve insistir.” avalia Jaqueline.
O psicólogo Alexandre Sade, especialista em sexualidade da Universidade de São Paulo (USP), afirma que, à medida que a liberdade e a confiança aumentam no relacionamento, a conversa sobre fetiches vai ficando mais fácil.
Os homens costumam ser mais ligados aos fetiches do que as mulheres. Muitas vezes, quando querem satisfazer um desejo, se fixam naquilo e podem acabar pressionando a parceira. Alguns, inclusive, vão procurar a satisfação de outra forma, com uma prostituta, por exemplo. Mas, em nenhum caso, a mulher deve se sentir obrigada a fazer algo que não quer apenas para agradar ao homem. Não é saudável e não é garantia de nada – frisa o psicólogo.
Quando o desejo por certos objetos sai do controle ou se torna obrigatório para aproveitar o sexo, é hora de procurar ajuda profissional.
“No fetichismo, o indivíduo passa a depender daquele prazer específico para se sentir excitado. Uma coisa é o homem gostar que a parceira use salto alto durante a relação. Mas se ele só consegue sentir prazer se ela estiver com o salto, é hora de procurar um especialista.” completa Mariana Maldonado.